Como a SELIC afeta a Bolsa de Valores?
Com a Selic alcançando a marca de 13,25% ao ano, a renda fixa sofre impacto e esse movimento afeta também as empresas da Bolsa brasileira.
Bancos e seguradoras são os mais beneficiados.
Com a pandemia e o ano eleitoral, há muita instabilidade política e fiscal e isso gera volatilidade na bolsa de valores.
Esses indicadores não afetam apenas os preços que vemos nas prateleiras do mercado, mas afeta também as empresas que têm capital aberto.
Quando a taxa Selic está alta, há um desestímulo com relação ao consumo porque o crédito fica caro e os investimentos conservadores e de renda fixa se tornam mais atrativos. É um momento em que as pessoas tendem a guardar dinheiro e não a gastá-lo.
A diminuição no consumo pode ajudar a conter a inflação, pois as mercadorias acabam sobrando em estoque e os preços consequentemente caem.
Quando a taxa Selic está baixa, aí há um estimulo ao consumo, pois o crédito fica barato e os investimentos já ficam pouco atrativos.
A Selic afeta também as empresas brasileiras, pois com o crédito caro, as empresas acabam travando os investimentos que elas poderiam fazer para crescer. Como consequência, as empresas são obrigadas a diminuir o ritmo de produção e diminuir o número de funcionários, o que causa demissões e muitas pessoas desempregadas.
Dessa forma, como vimos, a Selic influencia a economia e podemos deduzir que se ela está alta isso não favorece a bolsa de valores, e isso ocorre por que:
· Os investidores saem da renda variável e vão para investimentos de renda fixa, que são atrelados à Selic, para ter um bom retorno e segurança. Já quando há redução da taxa de juros, o retorno de investimento em renda fixa é baixo e a renda variável fica muito mais atrativa.
· As empresas são muito afetadas pela desaceleração da economia, com exceção do setor bancário, que para se beneficiar da Taxa Selic alta, aumenta a margem de ganho sobre os financiamentos.
Outro fato interessante é que a Selic alta contribui para a baixa do dólar, pois muitos investidores trocam o dólar por reais, para fazer aplicações no Brasil na renda fixa.
Em 2020 houve uma grande migração de renda fixa para a renda variável, já que a Selic passou seis meses estagnada a 2% e os investidores desejavam prêmios maiores, e no segundo semestre de 2021, observou-se um movimento contrário.
O Ibovespa esteve em queda por muitos meses e enquanto o número de vacinados dava uma esperança para a recuperação econômica, o cumprimento do teto de gastos passou a ser um grande impasse para a economia brasileira.
As reformas, a PEC dos Precatórios, o Auxílio Brasil, geraram incerteza para o futuro do orçamento do país, e consequentemente uma aversão à tomada de risco.
Fora do Brasil, as commodities também levam a preocupação. Mas mesmo assim ainda há oportunidades que podem ser aproveitadas.
Com o aumento da Selic é difícil mensurar quais empresas podem ter vantagem.
O setor bancário pode lucrar com isso, e por outro lado os segmentos dependentes de crédito podem ter maior malefício, por exemplo o setor de linha branca, construção civil e parte do varejo.
É necessário cuidado ao tomar decisões por parte do Banco Central, para não desequilibrar a economia.
De acordo com especialistas, as receitas financeiras serão ampliadas por conta da alta do juros. Uma indicação de segmento seria a empresa Porto Seguro.
Entre os bancos, o Itaú Unibanco surge como uma empresa atrativa, e esse banco já passou por hiperinflação, impeachment, ditadura e outros cenários que atraem muita volatilidade.
Por conta disso, é uma empresa que tem histórico e sabe se comportar mediante as crises.
As empresas de seguro possuem parte da reserva na renda fixa, e por isso tendem a melhorar o resultado financeiro, impactando diretamente em seu caixa e nos resultados das aplicações financeiras.
Um outro destaque vai para o Banco ABC, que tem uma atuação mais voltada para o setor empresarial e corporativo, e é menos impactado pelo boom das fintechs.
É preciso ser seletivo. Entre as ações do setor financeiro, é preciso saber que os bancos vão sofrer com a inadimplência, já que os juros estão mais elevados.
Mesmo assim há outras boas oportunidades para o momento de baixa. Papéis como o Bradesco, BTG Pactual e Porto Seguro são boas opções.
Segundo os analistas, também é preciso considerar que existem empresas que são negativamente afetadas com o aumento do custo de financiamento, causando uma grande alavancagem e fazendo com que sobre menos para o acionista. O aumento de juros deve prejudicar muito o setor imobiliário, por ser mais sensível ao aumento da inflação e dos juros.
Mas enquanto os fundos imobiliários em geral podem ser mais afetados, os FIIS de papel, podem causar impacto positivo, pois é possível reduzir os tipos de ativo, como por exemplo as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI).
As empresas de varejo são bastante afetadas também pelo aumento da inflação, porque se os produtos estão mais caros, os consumidores compram menos.
Assim como as empresas mais endividadas, as companhias comparadas à renda fixa também sofrem com os juros mais altos.
É o caso das companhias do setor elétrico, construção rodoviária, água e esgoto. Essas empresas tem contrato de longo prazo, onde há uma previsão de retorno em termos reais, causando ajuste da receita pela inflação. Exemplos: Transmissão Paulista, Cemig e CCR.
Outras empresas listadas na bolsa que serão afetadas negativamente são as que pagam dividendos, pois o retorno de juros passa a ser mais atrativo.
O ideal é que o investidor tenha sempre uma carteira diversificada, com uma parte dos investimentos em renda variável e outra parte em renda fixa.
Quando a taxa de juros aumenta, o investidor pode aumentar o percentual de sua carteira na renda fixa, e quando recuar, o investidor pode voltar a aplicar mais em renda variável.
De qualquer forma, a bolsa de valores é cheia de incertezas, não apenas devido à economia brasileira, mas também por conta do cenário internacional.
Não sabe por onde começar, deixe que um de nossos agentes te ajude!!
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